Oinos

"Mesmo gatos selvagens devem relaxar e se esticar um pouco à sombra." comenta Séraphine, pegando uma tâmara fresca de uma travessa. Admira a cor escura, a casca brilhante; beija a fruta e depois passa a língua pelos lábios, sentindo-lhe a doçura antes de comê-la. E olha para Órion. "As mãos dessas duas operam milagres, concorda?"

"Minha vez, chérie? Se fala de receber massagens, estou sempre disposta." sorriso de lado.

Com uma mão, Órion sinaliza positivo para Séraphine, pois era complicado reunir palavras naquele instante de puro relaxamento.

Ele obedece a Melanie e procura colocar-se sentado. Enquanto faz o movimento, pergunta: "E como deverei eu retribuir ao milagre que está sendo operado aqui?"

"Mel, minha ninfa, se continuarmos a tratar Séraph dessa maneira, ela ficará mal acostumada!" ri a loira de olhos azuis.

Alex para a massagem momentâneamente para tomar um gole de vinho, agita o líquido na taça e a aproxima de sua boca, bebendo alguns pequenos goles, lentamente, para saborear o gosto levemente adocicado da bebida.

"Acho que você, belo Órion, é o mais prudente para decidir como nos retribuir... Apesar de não ser nem um pouco necessário, já que faço isso por vontade própria!" sorri a mariposa-lua para sua nova companheira de massagens.

Pressionando a nuca e descendo as mãos pela coluna de Órion, Alexandra continua a desfazer nós e mais nós, ocasionalmente, apertava alguma vertebra mais forte para colocá-la de volta a seu devido lugar, o que deveria causar uma dor um pouco mais intensa ao caçador. Mas assim que fazia isso, Alex voltava a massagear a região para dar uma sensação de alívio, por vezes, deslizando a unha comprida, pintada de branco, pela nuca do rapaz.

-Mas essa é a intenção, senhorita Alexandra! - sorri para Séraph. - Retribuir...? Melanie também faz por vontade própria, sim sim! Senhor Órion deve apenas relaxar e aproveitar! Se quiser mesmo agradecer, pode fazê-lo depois...

Mel para a massagem um pouco, pega uma das comidinhas da travessa ao lado e a leva à boca do caçador. - Quer um pouco de vinho? - e fica desenhando o formato dos lábios de Órion com o dedo, fofa.

[loli ftw please?]

"Com certeza desejo agradecer e retribuir... Mas, para ficar a altura do que recebo, preciso saber como devo retribuir... Pois, subitamente, um caçador como eu tornou-se senhor. Isto não pode ficar sem retribuição...", disse, todo arrepiado por causa da massagem. Quando lhe foi oferecido comida e vinho, ele simplesmente fechou os olhos - para melhor degustar - e abriu a boca.

"A caçada agrada à Senhora, e ela nos colocou em seu caminho esta noite. Receba o prazer como justo pagamento pelos seus esforços; se assim ela quiser, o senhor será posto em nosso caminho também, e poderá então ser a sua vez de dar alguma coisa." responde Séraphine, terminando a fruta e colocando a semente de lado. "Ademais, o caçador é o senhor em seus domínios, tanto como um rei em seu castelo!"

Ela se levanta para observar o trabalho e aproveita para deslizar a mão pelas costas de Alexandra, depois beija Melanie no topo da cabeça. "A diferença que fazem as mãos de uma mulher!" graceja, completando a taça das duas. "Mesmo seu rosto parece mais disposto, lorde falcoeiro."

Erguido à posição de rei, Órion está completamente entregue às três mulheres. Em meio a gemidos de de dor e prazer e enquanto saboreava a comida, ele pergunta: "E o que este caçador pode oferecer em troca?"

A mariposa se contrai com o arrepio provocado pela mão de Séraphine deslizando em suas costas e da uma piscaleda confidente a cobra prateada Logo ri do comentário de Órion, enquanto estalava os dedos e os pulsos para continuar seu trabalho.

"Oferecer em troca, querido caçador?" ri a Alex voltando a seu trabalho na espinha dorsal dele "Fala com se estivéssemos fazendo um favor que precisa retribuir... Ignore as regras da educação! Não é necessário algo em troca! Para mim só essa expressão de agrado já compensa meu trabalho!"

Novamente interrompeu o trabalho para terminar seu vinho, em seguida levou uma única uva a sua boca e a saboreou, fazendo uma expressão de satisfação assim que terminou de comê-la.

"Provem! Estão divinas!" falou a todos presentes.

Dizendo isso, Alexandra pegou duas uvas e levou uma a boca de Melanie e outra a boca de Órion com delicadeza, limpou os dedos em um guardanapo e pousou, novamente, as mãos nos ombros do moreno para continuar sua tarefa

"Mas se faz tanta questão de retribuir, belo Órion... Acho que você é o mais apropriado nesta sala para decidir o que nós merecemos em troca..." falou próxima ao ouvido do caçador, baixo o suficiente para não ferir os timpanos sensíveis deste e alto o suficiente para que Melanie e Séraph ouvissem, voltando a massagem logo em seguida.

Melanie sorri de orelha a orelha para Séraphine, corando um pouco, após o beijo em sua cabeça. Continua massageando Órion naquela posição estranha, até que Alexandra oferece uma uva. Olha de relance para Séraph - que parecia ser íntima da mariposa -, decide-se e separa os lábios gentilmente, deixando que a garota pusesse a uva em sua boca. - Realmente, uma delícia! - e lambe de leve o dedo de Alexandra, ainda mais corada.

-Melanie concorda com senhorita Alexandra, sim sim! Seu prazer é nosso agradecimento, senhor Órion! - dito isto, Mel sobe definitivamente no colo do caçador, levando a taça de vinho recém completada à sua própria boca e, depois, a dele.

Após saborear o vinho, uma mão de Órion passeia pelo braço de Melanie, sem tocá-la, mas na iminência de. Para ele, que possui corpo marcado e talhado pela sobrevivência e intempéries da vida, sentir a sutileza e maciez da pele dos outros é um grande prazer. Ao mesmo tempo, a sensação de ter suas vértebras colocadas em seu lugar de origem produzia nele uma catarse, como se estivesse, por um instante, jogando fora a bruteza e rudeza inerentes ao mundo do caçador e incorporando, lenta e progressivamente, os elementos de uma vida luxuosa e prazerosa. Sua mão passeia pelo corpo corpo de Melanie, e ele tem curiosidade sobre como reagirá a jovem garota.

Melanie sente-se arrepiar inteira à iminência do toque. Havia muito não experimentava a sensação do contato de sua pele com a de outra pessoa além da de Séraphine, e apenas a ideia já era motivo para se contrair.

Séraph... Por ela!

A garota, mais corada do que nunca, aproxima-se do rosto de Órion, o verde-claro de seus olhos fitando profundamente o castanho dos dele, os lábios a centrímetros um do outro, também sem tocar, o hálito doce de Mel soprando gentilmente na pele do caçador...

Melanie a surpreendeu, ao lamber levemente seu dedo, mas continuou seu trabalho, até que este estivesse finalizado. Antes de avançar, era preciso que o caçador estivesse completamente relaxado e com todos seus músculos e vértebras em seus devidos lugares.

A mariposa branca se deliciou com a situação em que a delicada ninfa se colocava. Pensou em interferir, mas era melhor deixar que as coisas acontecessem naturalmente, pois, apesar de conhecer Melanie a pouco tempo, percebeu que ela era delicada como um cristal e não queria que esse cristal se quebrasse.

Continuou a massagear os ombros de Órion e foi subindo a mão em direção a nuca deste, começou a tocar em pontos que não causariam uma sensação de prazer pelo relaxamento, mas uma sensação de prazer de outro genêro.

Séraphine olha a cena, e sente um espasmo involuntário lhe percorrer a espinha, fazendo as mãos se crisparem, num movimento quase imperceptível, o ar lhe escapando entre os lábios num sibilar baixo. Respira fundo e passa os dedos pelas escamas lisas e macias de Endymion, buscando acalmar-se um pouco, e passa um dedo pelo rosto de Melanie, tentando ser tão pouco possessiva quanto conseguia. Mas a vontade era de agarrá-la e tirá-la de lado, para bem longe de Órion.

Órion beija Melanie furiosamente. Todavia, não se trata de pura e irrestrita explosão de fúria, mas uma explosão contida, serena e comedida. O momento pode ser descrito como o instante em que o falcão fecha suas presas sobre o coelho, ou o instante em que as garras de um leão tocam a gazela. O que o falcão procura é a imensidão que o completará. Quer tornar-se falcão e bailar sua dança, a 350km/h em perseguição retilínea à sua caça. Quer tornar-se leão e perseguir sua presa até destroçá-la com uma patada.

Todavia, não são o falcão ou o leão os únicos partícipes desta dança. Pois a mesma imensidão preenche o coelho ou as gazelas. Pouco importam os falcões ou os leões, se a natureza do coelho e da gazela é de gozar o medo. O medo as torna maiores que si mesmas, lançando-as para grandiosas corridas ou saltos. Pouco importam os falcões ou leões, se a verdade do coelho e da gazela é de serem abertas por uma garra, sob a luz do sol. Desdobrava-se ali - ao menos do lado de Órion - um breve instante criado pelos deuses. E ele sabia bem que o falcão não levaria sua presa para seu ninho...

Que instante é esse? Ora. O beijo é como a primeira golada em um copo cheio de néctar que fora enchido pelos deuses. É a linha divisória entre a dúvida que entristece o coração e a certeza que enche o ser de alegria. É o começo da dança da vida e o primeiro ato no drama humano. É a corrente que liga a estranheza do passado com o brilho do futuro. É como o encontro da brisa com a rosa. É a união de duas fragâncias, que criam uma terceira e única fragância. Um ato simples e singelo, mas que faz o coração, que normalmente bate 80 vezes por minuto, saltar para incríveis 150 batidas por minuto, como se aquele instante equivalesse a uma grande maratona. Um beijo doce...

O beijo durou enquanto durou. Após o seu fim, Órion voltou a se entregar às mãos de Alexandra...

Um beijo...

Para Melanie, era algo especial. Ainda que tivesse sido criada para crer justamente no contrário, sempre pensara nos contatos físicos como momentos únicos, distintos entre si mas iguais em importância. Um toque no braço, um aperto de mãos, um abraço, um carinho... Um beijo não poderia ser diferente!

Dizem que, através do beijo, um pedacinho da nossa alma vai para o corpo da outra pessoa, e vice-versa. Se isso é mesmo verdade, e Mel acreditava que sim, como as pessoas podiam dizer que beijo era algo banal, momentâneo, que logo a sensação passava e pronto?

Ainda mais aquele beijo.

Porque, durante tanto tempo, ela havia se acostumado a se guardar apenas para Séraphine.

Antes de vir servir a Deusa, Melanie era um objeto lindo e delicado nas mãos maliciosas de homens e mulheres maldosos. Ela não era inocente nesse sentido. Depois de Ártemis, contudo, pôde finalmente livrar-se dessa vida e, depois de Séraph, aprendeu a amar de verdade. Amar uma única pessoa, deixar-se levar em benefício da outra, pois sua felicidade era a felicidade de Mel também. Dar prazer ao ser amado era prazeroso por si só.

E, ainda assim...

Aquilo era diferente. Não era amor, óbvio. Era... Algo inexplicável. Uma sensação diferente e ao mesmo tempo igual à dos beijos da serpente prateada. Um gosto diferente, mas que lembrava de certo modo sua amada...

Ela retribuiu o beijo furiosamente também, passando as unhas pela nuca dele, sentindo a si mesma arrepiar da cabeça aos pés. E, na mesma proporção, o beijo era doce, suave, meigo até - como Melanie, um cristal já lapidado mas que preserva seu brilho original.

Após o beijo, a garota voltou seus olhos para o lado, à procura dos de Séraphine - sentira o toque em seu rosto. Pegou sua mão e, delicadamente, beijou-a, voltando em seguida a olhar seu lindo rosto...

Alex se espantou com a cena, até parou sua tarefa. Não esperava que Mel esbossace uma reação destas, olhou para Séraph durante o beijo, para ver sua expressão e analisá-la.

Após o beijo, Órion se entregou novamente a suas mãos, fazendo-a sair do transe. Abraçou-o, enlaçando-o com seus braços delicados e apoiando a cabeça na curva do pescoço do caçador.

"Como se sente, belo caçador?", perguntou num sussurro.

O ar cálido que escapava da boca da mariposa enquanto perguntava, certamente podia ser sentido pelo moreno, batendo em seu pescoço.

Se pudesse, Séraphine teria erguido o capelo e enfiado as presas no pescoço de Órion naquele instante. Relaxe, relaxe, repete para si mesma, respirando fundo. Mas os olhos azuis, muito abertos como os de um predador ao fixar-se na presa, não escondem sua fúria; adrenalina corre por suas veias, impulsionada pelas batidas aceleradas do coração, aumentando seus reflexos e elevando-a a um furor extático.

Pálida de ódio, mesmo contendo-se o máximo que pode, a sacerdotisa vira o rosto para o outro lado. Mal sente o beijo de Melanie em sua mão, que está fria -- o sangue se concentra em outros lugares, preparando-a para lutar. Mas a aura de Mel é inconfundível; e Séraphine a enlaça pela cintura, ao mesmo tempo carinhosa e possessiva. Não ia descontar na menina, é claro. Mas que queria ver rolar a cabeça de Órion naquele momento, queria, com uma raiva irracional até. Por que ficava assim, se devia provocar o mesmo em Melanie, sua querida Melanie, com aquelas brincadeiras tolas e jogos de sedução? Mas a odalisca não está em condição de racionalizar no momento; o ar vibra a seu redor. Sabe apenas que quer sangue. Sangue de caçador.

Com a mão esquerda, Órion segurou uma das mãos de Alexandra, para senti-la. Suavemente o caçador beijou-lhe as mãos. A mão direita deslizou até a nuca de Alexandra. Acariciando seus cabelos, ele respondeu à pergunta: "Sinto-me como um deus...", sussurou.

Ao mesmo tempo, começou a desconfiar de Séraphine não era uma pessoa qualquer. Por um instante, sentiu nela uma caçadora e teve a impressão de ter se tornado alvo dela. Não devia desculpas a ela, pois não fizera nada de errado. Por um lado, o caçador questionou-se se deveria conceder a ela a plena oportunidade para tirar-lhe o sangue, uma vez que ele está em dívida com a anfitriã. Por outro lado, o rompante de ciúme, o sangue fervendo, as demasiada humanas reações da anfitriã fez com que o caçador desejasse transformá-la em sua caça.

Mas Órion permaneceu em silêncio, pois não convém a um caçador enfurecer a fera. Ao contrário, ocupou-se em continuar a trocar carícias com Alexandra, entregue a ela, pois não convém caçar uma borboleta; convém permitir que ela pouse em seu corpo e que o use como porto seguro.

-Séraph...? - chama Melanie, preocupada, as mãos pousadas nos ombros dela.

Conhecia-a melhor do que ninguém, e sabia que havia algo de errado. Seu lindo rosto tão pálido, suas mãos tão frias, seus olhos tão... - Ei, ei - chama novamente num sussurro, tocando-lhe o rosto suavemente, fazendo uma pequena pressão para que ela o virasse, a fim de poder fitar-lhe os olhos. - O azul de seus olhos não é o meu azul de sempre... - e baixa a cabeça, sentindo-se culpada.

Séraphine pisca; a voz de Melanie a traz de volta à realidade, devolvendo-a a um estado consciente novamente. Ela vira o rosto para a menina com um meio-sorriso, lentamente voltando ao normal. "... Sim?"

Não era bem o que se esperaria de um amante, sim. Mas, se dissesse mais alguma coisa naquele momento, não conseguiria absolutamente nada de bom com essas palavras.

[ô post inspirado, que orguuulho. >.>]

Os singelos toques de Órion arrepiaram Alexandra, que deixou que sua mão livre escorregasse até o peitoral do caçador e pousasse levemente.

"Que bom que aprecia nossos cuidados, Órion", o tom de voz usado era provocante.

Da suaves beijos no pescoço do belo moreno, deixando que o ar de sua respiração vá de encontro a pele dele, mas sem deixar de prestar atenção em Melanie e Séraphine.

Envolvido por Alexandra, Órion pondera que valeu a pena maltratar a pele e submeter-se às intempéries da natureza. Do contrário, qual seria o sentido do processo de relaxamento? Ele pergunta a ela enquanto acaricia seus cabelos: "Confesso que subestimei as borboletas... Então conte-me... Se as deixarmos livres, elas voam de volta para nós?", perguntou, traçando um paralelo com os pássaros. "Eu adoraria levá-la para Éfeso...", disse. Pois é um dos locais mais bonitos que conhece, e convém compartilhar a beleza com as outras pessoas.

Melanie fica a olhar aquele azul profundo, vendo-o voltar lentamente ao seu tom tão amado. Após alguns instantes fitando o rosto de Séraph, sorri abertamente e encosta a cabeça em seu peito. - Fiquei assustada... - desencosta-se e pousa as mãos delicadamente no rosto da serpente. - O tom de seus olhos era escuro, profundo, diferente da vivacidade a que estou acostumada... - e dá o mais doce dos sorrisos.

-Mas agora passou, não é? Agora Melanie e Séraphine podem continuar a fazer o que vieram fazer: agradar o nobre caçador que volta depois de mais uma missão exaustiva e estressante! - dá um selinho - Certo?

"Desculpe, minha querida." Séraphine beija Melanie na testa, carinhosa. "Desculpe, de verdade. Não acontecerá de novo, certo?"

Mas sempre acontecia. O instinto falava alto em seu sangue quente e volátil, e ela costumava agir antes de pensar; principalmente... por ela. Ainda assim, Séraphine se esforçava. Em sua cabeça, dizia a si mesma que Melanie valia o esforço. Que valia o esforço por mudar, tornar-se uma pessoa diferente... por ela. Já começara por pedir desculpas sinceras, ela que jamais abria mão do orgulho, ela para quem admitir um erro era pior que a morte.

"Você está certa, chérie. Onde estive com a cabeça?" solta uma risada suave, já completamente de volta a seu antigo self, a mão pousada sobre o ombro de Melanie. "Ele merece tudo do melhor. Concorda?" dá uma piscadela para Órion. Se está fingindo, ou se realmente superou o incidente, ninguém saberia dizer. Nem ela mesma.

(GAH! Artemísios sabem se divertir! *invejinha*)