Oinos

Oinos está sempre em festa. Para o povo deste pequeno vilarejo em Éfeso, a vida é uma aventura prazerosa e longa, que deve ser saboreada em todos os seus momentos - o perigo não é mais do que uma excitação. Essa é a cidade dos duelistas, do melhor vinho que se pode saborear, e o melhor lugar para se achar mulheres sedutoras...

Oinos foi, dizem, um presente de Dioniso aos mortais, como sinal de paz e aliança. A cidade mantém uma cultura híbrida entre a grécia e o resto do mundo, realizando comércio com o mediterrâneo. A pintura é especialmente valorizada em Oinos e vários artistas fixam residência ali. As casas são construções humanas, mas erguidas ao pé de longas árvores. Existem muitas tavernas em Oinos, que é famosa por produzir um excelente vinho.

Após uma longa caçada, Órion finalmente chega até as proximidades de sua casa, decidindo parar na cidade para descansar e se recompor. Trata-se de homem alto e forte, com feição quase sempre séria e neutra. Ele veste apenas o necessário: uma longa e simples calça escura. Nas mãos, adereços como anéis e um brinco em uma das orelhas, além de algumas tatuagens usadas apenas por guerreiros. Em seu ombro está de pé um falcão branco, que parece não ter medo da proximidade de uma cidade humana. Ao finalmente chegar na cidade, Órion esboça um pequeno sorriso e permite-se baixar a guarda. Pois ali ele não era mais um caçador, mas apenas mais um...

Ao ver a aproximação de uma mulher, Órion a observou. 'Cria de Afrodite...', pensou, utilizando uma curiosa expressão para se referir à beleza. E decide deixá-la se aproximar, pois não é sábio enfurecer Afrodite ou qualquer outro deus. Ele pára de andar e acaricia sutilmente o falcão em seu ombro, como se estivesse a dar uma ordem ao animal. E então fixou o olhar em Alexandra. O falcão fez o mesmo. Apesar de desconfiado, ele permaneceu no ombro de Órion, em silêncio, contendo o instinto básico de sair voando dali ante a presença de estranhos.

Nos traços de seu rosto existe um claro degradê: de um lado, uma expressão cansada, testemunha da longa caçada; de outro lado, a satisfação e alívio de estar praticamente em casa.

Órion observa as três mulheres por um instante. Desacostumado com uma recepção como essas, até acha estranho. Talvez houvesse entre eles alguma identidade que desconhece, que justificaria tal recepção... Ao ouvir Séraphine mencionar 'caçadores e caçadoras', Órion finalmente compreendeu a identidade que existia entre eles, e não mais estranhou a recepção.

Após olhar para cada uma delas, ele respondeu: "Meu nome é Órion... E este que vem comigo é nobre e carrega o nome dos deuses: Hermes", disse, referindo-se ao falcão em seu ombro. Sua feição costumeiramente neutra se enfraquece, tanto por causa do cansaço quanto por causa da proximidade de crias de Afrodite. A mente, costumeiramente racional, queria embriagar-se para recuperar as energias. "Um rufião estrangeiro matou uma pessoa por aqui... Acabo de retornar da caçada", disse, dividindo com elas a razão de seu cansaço.

"Venha, venha! Nós vamos fazê-lo relaxar! Não é?", disse Melanie. Ao ouvi-la, Órion sorri. E responde para ela: "É bom que assuma a responsabilidade do que diz..."

E aceitou o convite feito por Séraphine, decidido a segui-la para qualquer lugar. Antes, todavia, acariciou o falcão mais uma vez, deixando-o partir. O animal saiu voando, abrindo suas asas e mostrando toda a sua envergadura, até sumir no horizonte.

"Vamos...", disse, acompanhando as três.

As tatuagens tribais que Órion possui no corpo não são gregas, mas remontam tribos nômades do Saara, onde os guerreiros são marcados com tinta. As marcas os distinguem dos demais e estabelecem a hierarquia entre os seres.

Adentrando no lar de Séraphine e deixando-se conduzir por Melanie, o olhar de Órion passeia pela casa. Quando perguntado pelo cheiro, o caçador fecha os olhos e respira fundo, apenas para sentir-se embriagado pelo gostoso perfume. E ele aceita as mordomias e a rara companhia como uma dádiva dos deuses. "Tem um cheiro excelente...", respondeu, de olhos fechados. Quando os abriu, estava diante de um divã. E celebrou, como se aquilo fosse algo raro em sua vida: "Uma cama!"

Quando finalmente deitou o corpo - claramente maltratado pela caçada - no divã, Órion esticou-se por completo. Várias juntas - cotovelos, joelhos, os dedos, etc - estalaram, iniciando lentamente o processo para retornar aos seus lugares naturais...

"Vejo que não se deixa relaxar há muito tempo, nobre caçador!", falou. Entre um e outro pequeno gemido de dor e satisfação, explanou suas razões para não permitir-se relaxamentos. "Eu sou um caçador... Preciso estar preparado para atacar e ser atacado a todo instante, como um gato... Por isso, temo que minha guarda e atenção vão embora junto com a tensão..."

Órion respondeu a Séraphine: "Os deuses ficariam agradados com isso... Quanto mais um mortal como eu..."