O começo - Midgard

Estrelas.

Olorë deixou-se invadir pela alegria.
Desde que chegara a Midgard, nem uma vez viu um céu tão limpo. Não ignorava, é claro, as pessoas que cantavam; mas estas eram muito menos interessantes do que o espetáculo no céu que seu Deus proporcionava...

As fogueiras altas, das quais via as chamas arderem ao longe, nem a elas a elfa dedicava a sua atenção. Por muitas vezes, não suportando o frio, desejou estar perto delas; mas agora, com aquele tempo mais ameno, não lhe importava o fogo. No escuro, parada ao lado de um tronco de árvore caída, apenas observava os pontinhos azuis. Nem sequer lhe passava pela mente nem mesmo procurar um lugar para ficar, tamanha era sua fascinação pelo céu...

“Alfheim...” – lembrou-se de sua terra com saudade.

Rögnvaldr contempla o céu, fumando em seu cachimbo, após um dia de trabalho. Após dividir as funções com os outros homens, o nórdico armou-se com um machado e coletou lenha para suprir o estoque de todos. É sábio aproveitar o tempo ameno para trabalhar, pois o tempo rigoroso impossibilita o trabalho em vários níveis...

Vagarosamente, Rögnvaldr corta a lenha em pedaços menores, colocando os pedaços maiores em um apoio - o que restou de uma árvore velha que fora derrubada - e cortando-os com o machado, em únicos e precisos golpes. A madeira - o principal combustível para acender as fogueiras em Midgard, junto com os sonhos e ambições - é acumulada logo ao lado do apoio utilizado para cortar. Rögnvaldr não vestia seu pesado sobretudo, pois não convém suar vestindo roupas pesadas, sob risco de congelamento...

Alimentando o calor do corpo com o próprio trabalho, Rögnvaldr continua a partir a lenha, até dar-se por satisfeito e buscar refúgio nas pesadas roupas.

Enquanto observa o resultado de seu trabalho, sua atenção é tomada por estranhas figuras luminosas dançando entre as folhares. Seria alguma entidade mágica que está visitando-o? Ou algum deus que deseja impor-lhe uma tarefa?

Seja como for, Rögnvaldr dirigiu-se na direção das luzes, segurando o 'rabo' do machado com uma mão e apoiando as costas da 'cabeça' no ombro, desejando observá-las mais de perto...