A Pousada

Hm?...

Vieno inclina a cabeça para o lado, curioso, observando o parceiro por alguns instantes. Parado. Não tinha computado o movimento de Kitana direito; naquele momento também não lhe importava. E não conseguia associar a aura da sacerdotisa com a parada súbita do rapaz. Mas que seja! Ele empurra Blake para fazê-lo se deitar de vez e se inclina sobre ele, as mãos apoiadas na cama, ajoelhado agora; e continua o movimento, cada vez mais intenso, cada vez mais sedento. Até que segura Blake pela nuca, puxando-o de súbito junto a si para beijá-lo com ardor, ao mesmo tempo em que a outra mão recebe o sêmen quente, palpitante. E continua, até sentir que o outro também chegou; afinal, também havia prazer nessa reciprocidade.

Blake não soube o que acontecera de início. Sentira uma leve pressão no pescoço, ouvira a sacerdotisa resmungar algo que não distinguira, e passos em direção à sala denunciaram sua retirada. Só depois de alguns segundos percebeu que, por mais que tentasse, não podia se mexer!

E logo veio o desespero, sua mente antecipando a dor. Pois, caso não saiba, caro leitor, quando se chega a tal ponto e não se completa, experimenta-se uma dor indescritível, que beira o insuportável. Situações desesperadoras já o proibiram de satisfazer-se completamente, e, oh, ele não queria sentir aquilo de novo.

Por sorte, o passarinho estava ali para socorrê-lo. Atirado na cama, voltara a ofegar alto, sem poder se mexer mas mesmo assim indo aos céus com aqueles movimentos. Vieno chegara, o sêmen quente respingando em seu corpo. Só mais um pouco, um pouquinho... E foi. Ele também chegara. Trêmulo, tenta se mover novamente, sem sucesso. Logo agora, que tinha tantos planos, tantas ideias! O clímax não era este, oh, não. Havia muito mais em sua mente.

-Ahnn.. Birdie... - mas, talvez, se permanecesse quietinho por alguns instantes, seus músculos voltassem a obedecer...

Quanto à vingança? Não cabia tal coisa na pousada, um lugar tão pacífico e prazeroso. Não, não. Deveria cuidar dela quando estivessem de volta a Delfos, onde teriam privacidade...

"Kyllä, herkullinen?..." sussurra letra por letra, saboreando cada som, deitando-se sobre ele; sorriso de lado a lado do rosto, expressão de quero mais. Enrola uma mecha de cabelo de Blake num dedo, as pernas cruzadas no alto, mordendo o lábio de leve. O olhar cinzento, sem precisar de palavras, pergunta o que ele quer: porque ele faria de todo jeito...

Ué, ele costumava falar grego. E não tinha aquela voz.

["Yes, delicious?"]

A mudança na voz de Vieno passou despercebida; o apolíneo estava por demais concentrado em tentar mover os próprios músculos. Os olhos, ainda cinzas, focam o rosto do outro, e ele sorri (ou, ao menos, tenta) ante sua expressão. Que passarinho mais exigente!

Blake adorava isso.

-Nnn.. - geme, ainda sentindo o membro pulsando. E, aos poucos, seus quadris tomaram consciência do peso que se apoiava nele; e os braços e pernas quase respondiam, formigando de vontades.

Ah, só mais um pouco!

[ai ai ai Cris, que que tu tá aprontando, guria?]

As unhas deslizam sobre o peito de Blake; Vieno roça o rosto contra o dele, admirando a maciez de sua pele, seu cheiro, seu aspecto, qual uma criança a descobrir um mundo novo. Beija-lhe os lábios, mordendo levemente o inferior, olhos nos olhos. E o sorriso, o onipresente sorriso: encantado, desvairado, deliciado.

A outra mão acaricia o lado do corpo, descendo até os quadris; ele anseia por mais, e não quer esperar. "Loistava!..." sussurra-lhe ao ouvido, mordiscando-lhe o lóbulo da orelha, meio rindo. "Saadakoon minut... jälleen."

Não que a linguagem fosse exatamente um problema no momento. Esfregar o corpo todo no outro era uma forma bem eficaz de transmitir a mensagem também...

["Magnífico!" / "Venha me ter... novamente."]

Quase lá, quase lá...

Blake podia sentir-se todo formigando, a vontade também a inundar-lhe mais uma vez os sentidos. Vieno provocava, roçando-se todo, novamente atrevendo-se a correr o risco inconsciente.

Só mais um pouquinho...

E aconteceu. De súbito, Vieno foi atirado na cama, ficando novamente por baixo, enquanto Blake o puxava para si, ávido, beijando-o com volúpia. As mãos percorrem seu corpo, arranham, marcam; a boca deixa marcas por onde passa enquanto desce, passando pelo queixo, pescoço, mamilos, chegando enfim à barriga e ao objeto de desejo. O pássaro merecia uma recompensa, já que terminara os trabalhos momentos antes. O apolíneo volta a segurar forte sua cintura, enquanto a língua passeia pelo membro do outro, ereto e pulsante.

Vieno ri, deliciando-se com Blake, em Blake; beija-o com desejo, as mãos puxando-lhe de leve os cabelos da nuca ou deixando-lhe marcas pelas costas e ombros. Geme alto, sem se conter, saboreando o momento de todos os jeitos possíveis.

Mas, ainda que loucos, ainda que cheios de deleite e prazer, ainda eram humanos. E há um momento em que o corpo cede...

Blake sente o próprio membro pulsar e latejar quando ouve o pássaro gemer; e acelera e reduz a velocidade do movimento de sua boca alternadamente, os olhos quase completamente roxos voltados para o rosto do outro. Antes que perdesse ainda mais o juízo, levanta um pouco as pernas de Vieno e penetra-lhe com o dedo, sem escrúpulos.

Assim que terminou de limpar o sêmen que escorria pelo membro, voltou à sua boca, beijando-o para que saboreasse a si próprio. - I can give you even more... - sussurra ao seu ouvido, ainda excitado; um pouco cansado, também, sim, mas as longas noites em Londres e ao redor do mundo o ensinaram a ignorar tal sensação e focar nas outras, até que perdesse a consciência. E, creia-me, não foram poucas as vezes que isso aconteceu.

[sim, ficou horrível, mas acho que tá na hora de adiantar um pouco mais a cena, né? xD]

Ele sorri, retribui o beijo com paixão; empurra Blake e o faz se deitar, os dedos lhe acariciando o peito e os ombros, as coxas roçando-lhe de leve o quadril. Levanta-se um pouco, como se afastando para observar uma obra de arte, e ri: um riso deliciado, encantado.

E desce da cama de um salto - gesto praticamente impossível para alguém que passou as últimas horas... se exercitando freneticamente. Estica-se como um gato, braços para o alto, costas arqueadas; o corpo branco exibe aqui e ali marcas do entusiasmo daquela noite, e os frutos escorriam lentamente entre as pernas. Sentia-se pleno, satisfeito, contente. Livre, depois de muito, muito tempo...

Cantarolando, meio dançando, ele observa o quarto como se pela primeira vez. Sente a textura da cama, a maciez das cortinas, a força estática da madeira; passa a língua pelos lábios, saboreando o gosto de Blake misturado ao seu próprio, e fareja a chuva como um animal selvagem. E ri novamente, desta vez alto, maravilhado.

Blake fica a observar Vieno se esticar, rindo também, deliciado. Quem poderia imaginar que aquele pássaro teria tanta vontade assim? Talvez fosse algo de família?...

Pensaria na possibilidade (e tentaria testá-la na prática) depois. No momento, apenas a penugem colorida lhe importava. Num salto, levanta-se da cama e rapidamente abraçou Vieno por trás, acariciando-lhe o peito com ambas as mãos. Passa o rosto pela curva entre o ombro e a nuca, ofegando, absorvendo para manter vivo na memória o cheiro hipnotizante do pássaro... E seus dedos voam para seu pescoço, apertando, enquanto mais uma vez seu membro penetrava, fundo, movimentando-se rápido.

-Grite meu nome agora, birdie! - sussurrou em seu ouvido, em êxtase. Que a parte mais divertida comece!

Uma mão segura o pulso de Blake de leve, quase suplicante; a outra desce pela cintura, segurando-o junto a si; o pescoço arqueado para trás, ele ofega, os lábios entreabertos, entregando-se novamente...

Mas, de repente, os dedos se fecham apertando os tendões do braço de Blake com uma força dolorosa, fincando-se fundo para impedir os movimentos da mão; virando-se bruscamente num puxão, um golpe do joelho visa a virilha do apolíneo, aproveitando-se da proximidade. Blake havia lhe servido bem como brinquedo e fonte de prazer, mas ele havia se estafado daqueles joguinhos. Em outra situação, talvez tivesse aceitado. Em outro momento teria se rendido, como sempre. Mas ele não; queria viver, sentir. E Blake, naquele momento, não passava de um empecilho do qual ele queria se livrar.

Ah, o passarinho se rebelava, e debatia as asas como podia, tentando desesperadamente escapar das garras mortíferas do gavião. Mal sabia a pobre avezinha que, quanto mais lutasse, mais faria o imponente predador feliz. Ainda que seu cheiro estivesse ligeiramente diferente...?

Um tanto atordoado com a velocidade de Vieno, Blake tentou se afastar, o que não evitou totalmente o golpe em sua virilha. Ofegou e dobrou o tronco, segurando a parte atingida com ambas as mãos. Oh, quem diria, quem diria! Alguns segundos, uma calma inspiração de oxigênio, e o apolíneo se endireitou, mordendo o lábio, fazendo-o sangrar no mesmo local de antes. Não podia perder um movimento sequer do pássaro. Não, ele não iria reagir. Apenas fitá-lo, com o mesmo brilho malicioso de antes nos olhos. Defender-se, só, sem contra-atacar.

[tudo certo agora? xD]