FLOOD's ÁREA

Hoje novamente encontro-me perdido em pensamentos. Não por crise existencial, tão pouco por não saber meu próprio destino, mas apenas por estar perdido. Navegante naquilo que humanos chamam de caixa de Pandora, o lugar onde Hades e seus servos mais leais ficam repousantes depois da batalha. Novamente meu senhor está lacrado, condenado a uma existência quase insignificante, a espera do momento em que sua libertação o conduza novamente a batalha.

Está noite posso sentir novamente a movimentação inquietante da liberdade, a caixa finalmente é reaberta em um lugar onde não consigo definir com clareza onde fica. Meu irmão sorri ao se relembrar da velha boa vida. Estamos no Egito. A nova Pandora é apenas uma menina que mal conhece o significado do objecto o qual é portadora. Ponho-me então como seu guia, partimos assim em busca da nova estrela que se apresenta no horizonte como a Esfinge.
Não fora dessa vez que meu senhor despertou, infelizmente seu corpo mortal nunca chegou a ser encontrado nesta face terrena que nos é apresentada, mas as pragas do Egito como foram chamados os passos marcados pelos espectros nesta nova terra me fazem lembrar um pequeno desejo de vingança contra o individuo que veio a nos causar tantos problemas frente a ultima batalha.

Lembrar-me do individuo faz-me lembrar que nem mesmo um homem como ele poderia escapara ao destino de todo mortal, reencarnação. Assim partimos em direcção a terra da lotus e do rio dos milagres. Sua presença é perceptível em todo o lugar que se caminhe, seu nome, sua honra, sua morte. Nossa batalha pessoal deveria então esperar, mas algo aconteceu diante daqueles que já esperavam minha vinda, mediante as palavras do velho sábio que guardava a morada de virgem.
Minha presença não era bem-vinda, meu espírito carregava magoa e sofrimento, meu destino estava selado como o daqueles que carregavam a marca do senhor das trevas. Por pouco não os mandei para o outro mundo com a força do pensamento, mas pensando melhor eles eram a única coisa que eu poderia desejar naquele momento. Não por suas palavras de conforto, tão pouco sua paz em Buda ou Chrishna. Mas porque seria atravez deles que minhas palavras seriam repassadas ao futuro ser que reencarnaria para ser aquele a quem eu procurava.

Depois da agradável conversa com aqueles pobres tolos mortais, parto novamente para aquele que seria o novo santuário de meu senhor, e ninguém nunca mais ouviria falar da caixa ou de pandora, pelo menos até que tudo estivesse arranjado para a chegada de meu senhor. Enterrado assim em uma mentira me faço abade, e aguardo o retorno de meu senhor.