O espírito perdido se aproxima do Rio Aqueronte. Igor não é o único morto naquele lugar; há uma fila gigante de espíritos sem rumo que se aglomeram nas margens daquele rio esperando um barco que supostamente deveria ter chego há horas.
Igor sabe que está morto; sabe que está a caminho do Purgatório; sabe também que tem poucas chances de ir para o Céu. Seu erro em vida foi ter assassinado a própria família; agora deveria arcar com o preço.
Tentando esquecer aquele lugar tenebroso, Igor se aproxima da margem de Aqueronte e tenta reconhecer a própria imagem desfigurada que se projeta na água escura. É difícil enxergar naquele lugar sem luz, mas Igor está decidido a ver a própria face morta naquele espelho opaco. Ele aproxima o rosto mais... e mais... e mais, chegando a fazer a água vibrar com a própria “respiração”.
SPLASH!
Sem ter tido tempo para se esquivar ou saber o que aconteceu, Igor é envolto por dois braços que haviam saído da água e segurado o pescoço com força.
Ele grita! Mas ninguém ali parece se importar com ele.
Os braços o arrastam sem dificuldades para dentro da água turva e o silêncio volta a reinar nas margens do Rio Aqueronte. Ninguém iria sentir falta de Igor.
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E assim estão os dias no Submundo. O mundo dos mortos está de cabeça para baixo; sem os espectros para coordená-los, muitos espíritos não sabem para onde ir e ficam perdidos em prisões diversas.