A Fonte Castália

[OK. ;D]

Kitana mira a luz da lanterna no lugar de onde ouviu o barulho, enquanto Bóreas estranhamente não esboça reação no momento. É isso que salva a sacerdotisa, porque uma seta curta passa a milímetros de sua têmpora, indo cravar-se numa árvore próxima! Mas Bóreas tem menos sorte; o dardo atinge seu peitoral com força total, resvala na armadura e cai no chão, inócuo.

Pragas e xingamentos; Bóreas e Kitana ouvem pessoas deixarem seus postos escondidos nas árvores e correrem a toda velocidade pela floresta. Mas toda a velocidade de gente comum não é páreo para a rapidez de um guerreiro sagrado.

Kitana não gostaria de fazer isso, preferia conversar e encerrar a missão de forma pacífica. Mas ao ver seu companheiro quase sendo ferido, não o sendo, pois estava trajando sua veste Sagrada e a seta que veio em sua direção, mas não a acertou por sorte ou porque Apolo a protegeu naquele momento, não viu outra alternativa, se não utilizar seus poderes de guerreira do Deus Sol.

A mestiça elevou um pouco o cosmo e vestiu o manto de sagrado de Tirésias, o adivinho cego, uma sensação de paz e serenidade a preencheu, sua impotência diante de situação tão rápida sumiu, como a armadura a completasse e permitisse que a guerreira do Zodíaco Solar possuísse completo controle de suas emoções. Não mais se sentia impotente, não mais se sentia incompleta, Tirésias a completava e agora podia ver tudo claramente, sem que emoções e sentimentos a atrapalhassem. Realmente, a sensação de vestir o manto sagrado era algo prazeroso e indecritível, pois a amazona sabia que usaria sua armadura a serviço d'O Luminoso e tinha a certeza de ter sido escolhida por Ele.

"Vamos!", foi o que disse a Bóreas antes de começar a correr a toda velocidade na direção a qual os agressores tinham tomado. Tinha que alcançá-los, não iria deixar que sumissem na floresta e depois no mundo com as pedras fundamentais da Fonte Castália, pertencentes às terras sagradas de seu Senhor.

*Enquanto Bóreas se aproximava do local de onde tinha vindo o pequeno ruído dois objectos são rapidamente disparados em direcção aos guerreiros de Apolo, um deles acaba por acertar em cheio no peitoral do primeiro Anjo, enquanto Kitana conseguiu sair ilesa daquele ataque.*

*Passado aquele susto os dois guerreiros de Apolo ouvem pessoas que os atacaram correndo em direcção da floresta, enquanto isso a guerreira de Tirésias começou a vestir a sua armadura sagrada e uma grande sensação de paz preencheu o corpo de Kitana, ao contrario de Bóreas que estava completamente preenchido de raiva e ao mesmo tempo fazia elevar o seu cosmo de forma espantosa e agressiva fazendo surgir sobre o local uma imensa corrente de ar gelada, pois esse era o poder do controlador dos Ventos do Norte.*

”Vamos!”,* falou Kitana para Bóreas que continuava olhando imóvel em direcção da floresta local para onde tinham fugido as pessoas que os atacaram.*-Claro que vamos.,* falou Bóreas com uma voz de satisfação e revelando assim o lado mais negro e violento do primeiro anjo, sinal disso era o sorriso diabólico que transfigurava a sua face.*

-Kitana irei arrancar a cabeça de Sotiris e a entregarei ao nosso Senhor Apolo.,* falou Bóreas a medida que soltava enormes gargalhadas, acabando depois por partir rapidamente para dentro da floresta esperando o acompanhamento de Kitana.*

"Não irá arrancar a cabeça de ninguém, Bóreas do Norte!", advertiu a amazona em tom imperativo. Enquanto corria com o máximo de velocidade que conseguia. Sabia que em breve alcançariam aquelas pessoas.

"Não se esqueça que são apenas pessoas comuns e que fazer uso de nossos poderes dessa forma é algo muito injusto!", falou tentando lembrar o Primeiro Anjo da condição de desigualdade que se encontravam Sotiris e seus companheiros diante dos Anjos de Apolo.

Quando Bóreas eleva seu cosmo é que sente algo de diferente: a armadura não parece bem. É de conhecimento do Anjo que as vestimentas sagradas são vivas e chegam mesmo a ter vontade própria; então, por que ela parece chorar e gemer de dor? Ele ouve e sente o sofrimento da armadura, como alguém ferido de morte.

Os dois correm atrás dos fugitivos, e realmente os alcançam rapidamente; são dois homens jovens, de seus vinte e poucos anos, que parecem aterrorizados pela aparição dos dois guerreiros de armadura. Mesmo sem muita luz, o luar fulgura nas vestes sagradas dos Anjos, e os infelizes acreditam ser seu fim.

"Por favor, não nos matem! Piedade!"

"Não queríamos machucar ninguém, mas ele nos mandou atirar em quem se aproximasse!"

"Não irá arrancar a cabeça de ninguém, Bóreas do Norte!"

*Kitana reprovava as acções de Boreas mas ele nem pareçia se importar com a opinião da guerreira de Tirésias, pois estava num estado completamente alterado e só pensava em apanhar os culpados pelo ataque anteriormente feito, mas algo se passava em sua armadura pareçia também que o estava reprovar fazendo sentir extremamente mal, e apesar de sua sede de luta Boreas sentiu algo estranho em sua mente, algo como o choro de sua armadura e apesar do seu estado alterado ele tinha consiençia que o que estava a fazer era errado, mas ainda com todas estas duvidas os dois guerreiros partem.*

*Rapidamente os fugitivos são apanhados eram dois jovens que estavam aterrorizados pela presença dos guerreiros de Apolo pedindo sempre por piedade, e naquele momento Boreas só pensava em os atacar mas algo o fez controlar, talvez tenha sido a vida que se encontra dentro da armadura do Primeiro Anjo.

-Kitana deçida o que fazer com estes dois.,*Falou Boreas de uma forma calma, enquanto estava imovél olhando para os céus como sinal de reprovação a si mesmo.*

Na hora que alcançaram os fugitivos, Kitana os olhou bem, eram jovens tinham por volta de seus 20 anos.

"Tão jovens... Praticamente da minha idade... E pensar que poderia ser eu aqui, se minha fé no Senhor das Profecias não fosse grande...", é o que passou de imediato na cabeça da guerreira, mas logo afastou seus pensamentos.

"Kitana decida o que fazer com estes dois.", falou Bóreas mirando os céus. A jovem guerreira sabia que para o companheiro ter feito isso... Algo maior deveria ter acontecido, não era um traço da personalidade de Bóreas ser piedoso e deixar que os fugitivos escapassem ilesos.

A amazona de Tirésias olhou para os olhos dos dois agressores e viu o terror estampados neles, não iria machucá-los, muito menos matá-los, provavelmente estavam fazendo isso porque alguém tinha mandado e porque não tinham fé n'O Luminoso. Mas eles ainda seriam muito úteis.

"Muito bem... Não mataremos os senhores!", iniciou a mestiça num tom firme, frio e autoritário. Não queria que eles perdessem o respeito por ela e por Bóreas e tentassem algum ato suicida. "Contudo, largaram suas armas, devidamente desmontadas, imediatamente! Nos levarão até aquele que os mandou fazer isso. Depois, os deixaremos livres para ir... Mas se tentarem algo novamente, não teremos piedade! Entenderam?"

Após pronunciar a última palavra, olhou de forma severa e muito séria, diretamente nos olhos dos dois jovens, queria ter certeza de que eles não mentiriam, por isso permaneceu os encarando até que dessem uma resposta.

Eles se entreolham e jogam aos pés de Kitana as armas: simples arcos que eles quebram sob o olhar do Anjo, mas sem flechas -- teriam atirado as únicas que tinham, ou tinham mais delas escondidas em algum lugar? Mas o olhar de terror é suficientemente sincero quando eles se curvam até o chão, desesperados.

"Perdão, senhora, perdão! Não queríamos ferir ninguém!"

"Não sabemos onde ele está, senhorita, desculpe!" a voz treme de pavor. "E-ele deve estar perto de onde atiramos, mas não vimos aonde ele foi!"

A armadura de Bóreas, contudo, ainda agoniza de dor. Ele se lembra do impacto da seta no peitoral -- será que a flecha tinha algo de mais?... Afinal de contas, a armadura de Bóreas é a do Anjo do Norte, o violento, o impiedoso. Ela não reprovaria com tanta veemência um ato que seguia exatamente a natureza associada a ela...

Kitana pensa um pouco mas continua olhando os jovens nos olhos. Não estava convencida de que Bóreas havia negado sua natureza violenta por misericórdia, sabia que algo mais sério havia acontecido.

"Vamos retornar e investigar o local onde fomos atingidos, Bóreas do Norte?", perguntou para seu companheiro de missão, mas reotmou, algo a inquietava, continuou a encarar os dois rapazes e perguntou olhando nos olhos de cada um. "Aquelas flechas que atiraram em nós... Falaram alguma coisa sobre elas pra vocês? Sabem me dizer o que tinha nelas? O que elas fariam?"

Em condições normais o Primeiro Anjo teria matado os dois jovens antes que a mestiça pudesse pensar em perguntar algo para eles, mas havia negado sua reação completamente natural, mas qual era o motvo? Esperaria a resposta dos dois agressores e depois retornaria ao lugar onde fora quase atingida, desconfiava de que Sotiris ainda estava lá, escondido, esperando que aparecessem.

[tópico fechado até o retorno de Bóreas. =)]

"N-não, nem sabíamos que eram diferentes." balbucia. "Se bem que... ele só nos deu duas para cada. Achamos estranho, mas ele ofereceu um bom dinheiro..."

[retomando a quest.]

Apesar do comentário ter sido baixo, o silêncio sepulcral do bosque permitiu que os ouvidos atentos de Kitana entendessem perfeitamente o comentário do jovem. Para a mestiça tudo aquilo era um grande absurdo, suborno, crime, o dinheiro comprava tudo. Isso só provava que o ser humano havia sido corrompido e que seu senhor estava completamente certo ao querer purificá-lo. Mantinha-se sempre alerta, estava preparada para qualquer movimento em falso vindo dos dois.

“Mais uma flecha? Eles estão tramando algo...”, olhava para os dois, estava desconfiada, mas não deixava transparecer.

“Sabiam que este homem que lhes deu dinheiro cometeu um atentado contra Apolo, o Deus Sol e suas terras sagradas? Só os estou poupando, pois não tinham conhecimento do que faziam!”, falou em um tom firme e sério.

“Quebrem as flechas que sei que ainda possuem, imediatamente, e deixo vocês partirem ilesos!”

Trêmulos, eles jogam aos pés de Kitana as aljavas; resta uma flecha em cada, e eles parecem ter até medo de tocá-las. "Nos perdoe, senhora! Juro que não queríamos fazer mal a Apolo ou a ninguém de Delfos!..."

O medo deles era claro e incontrolável, aos olhos da guerreira. Viu-os atirar as aljavas com as flechas a seus pés, pegou as setas, sentia que eram diferentes, e quebrou-as em três partes cada uma. Olhou novamente para os jovens.

"Obrigada pela colaboração.", disse polidamente. "Agora podem ir!"

Assim que os liberou jogou os fragmentos das flechas em meio aos arbustos e retornou ao local onde os jovens haviam tentado atingí-la, pegou a lanterna e manteve todos seus sentidos em alerta, para poder reagir a qualquer ruído ou movimento externo. Era provável que Sotiris estivesse tramando alguma emboscada e que ainda tivesse mais dessas flechas estranhas.

[jurava que tinha visto Bóreas online outro dia...]

Kitana avança pela floresta, enquanto os civis, ainda amedrontados, descem a montanha rumo a Delfos. Talvez para pedir redenção de seus pecados contra Apolo.

A mata está silenciosa; pássaros, insetos, nada se move ou canta. Para onde ela ruma?

A sacerdotisa de Apolo estava atenta, tudo era muito silêncioso, como se os animais não estivessem mais por ali. Voltou para o lugar onde quase havia sido atingida pela flecha dos jovens e ficou ouvindo, mas só conseguia ouvir o silêncio sepulcral que tomava conta do local, mas se Sotiris estivesse por lá e tentasse algo, certamente, faria algum ruído.

Todos sentidos de Tirésias estavam atentos para detectar o menor movimento, o menor ruído, até mesmo uma alteração na energia do local.

"Quer ferir uma guerreira sagrada de Apolo? Então venha, Sotiris! Seja honrado e não um covarde! Estou esperando!", falou em um tom frio enquanto analisava, cuidadosamente o local, procurando qualquer coisa que indicasse a movimentação do criminoso.

Kitana lança seu desafio; e Sotiris, ao que parece, ouve-o muito bem...

"Ora, ora. Delfos está tão necessitado de homens para o templo, que agora estão mandando mulheres em missão?" diz uma voz estranha, desdenhosa. "É um desperdício; uma coisa bonita dessas deveria estar esquentando alguma cama por aí, não no meio da floresta."

A voz desdenhosa não era agradável, de forma alguma, para a guerreira de Tirésias, mas graças a isso tinha uma idéia da direção em que aquele infeliz se encontrava. As palavras de Sotiris soaram como uma afronta a Apolo para Kitana, mas manteve sua calma, sabia que Sotiris estava, minimamente, inseguro com a situação, estava acovardado.

"Nós sacerdotisas vivemos, apenas, para servir o Senhor dos Oráculos. Sou tão forte quanto qualquer homem, seja ele de Delfos, ou não!", fez uma breve pausa. "Saiba que o furto das pedras fundamentais é uma grande afronta ao Luminoso... Sotiris, se és tão corajoso para afrontar meu Senhor, por que não defendes essa tua aparente coragem e mostra-te para uma de seus protetores, ao invés de ficar se escondendo atrás das árvores?", perguntou.

"Ou tu és apenas mais um entre os inúmeros covarde que caminha pela Terra?" Kitana usou, conscientemente, um leve tom de ironia em sua voz.

A mestiça sabia que provocações do tipo eram perigosas, mas tinha consciência que mexiam com o brio de qualquer homem, esperava que Sotiris aparecesse, ou se sentisse provocado o suficiente para lhe responder e dar mais detalhes de sua localização.

Risadas.

"Covarde? Prefiro pensar que apenas não sou tolo de sair enfrentando você, já que não passo de um civil. Quem é covarde aqui, hein, Anjo?"

O silêncio fazia as risadas de sotiris se propagarem pelo bosque, mas Kitana já tinha uma pequena idéia da região de onde o som era emitido.

"Estou aqui para fazer justiça, apenas! Saiba que cometeu um atentado grvíssimo contra O Luminoso! E em troca de que? É o que me pergunto.", reposndeu mantendo a serenidade.

Kitana tinha a intenção de manter o criminoso falando, até que soubesse sua localização exata, por isso, enquanto desafiava-o começou a andar pelo lugar, tranquilamente, e com olhos e ouvidos atentos.

"Justiça?" ele ri, irônico agora. "Deuses não têm nada a ver com justiça, anjo! Tem idéia de quanto sofrimento e dor causou esse seu deus maldito para seus fiéis, sem nada lhes devolver em troca?! Tem idéia do que passam os civis, enquanto vocês se refestelam em seus palácios?!"

"Realmente, Sotiris, a ignorância é uma benção!", o tom de voz de Kitana simplesmente não mudava.

"É sempre mais fácil dizer que os deuses se esqueceram da humanidade e por isso estamos nessa situação... Sem saber o que realmente houve! A humanidade deveria estar agradecida, pois foi o Senhor dos Oráculos, juntamente com outros deuses, que impediram a completa extinção da espécie humana anos atrás."

Parou por alguns instantes e contiuou sua caminhada pelo local.

"Sei que viveu conosco em Delfos por um tempo, se deu ao trabalho de se misturar a todos devotos que trabalham duro para reconstruir as terras sagradas de Apolo... O que ganha com as pedras de Castália, senhor Sotiris?", perguntou a sacerdotisa. "Pois, pelo que me diz, não são de seu interesse... Não é mesmo?"

"Foi o tal senhor dos oráculos que impediu a morte de centenas, milhares de seus fiéis?" diz ele, a voz carregada de desprezo. "Você estava entre eles quando morreram, chamando o nome de seu deus, morrendo por ele, na convicção de que seriam salvos! Não, anjo, você não sabe as atrocidades que os deuses cometem para se manter em seus tronos ridículos!"

“De fato, não vi nenhuma dessas catástrofes. Mas como já dizia Nicolau Maquiavel ‘Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha.' Nosso senhor prefere ter o amor de seus fiéis do que somente seu temor, por isso quando impossibilitado de ajudar, de nos socorrer, ganha nosso ódio e ingratidão sem fundamentos. O ser humano é um ser vil, ingrato e volúvel, incapaz de reconhecer o esforço e inúmeros atos bondosos realizados por nossos deuses e governantes ao menor deslize destes...”

Continuou caminhando pelo pequenos espaço, com um ar pensativo, sem se distrair, pois o homem poderia tentar algo a qualquer momento.


“É natural que odeies o Senhor, depois de tamanha desgraça que não pode ser evitada. Não imagino o tamanho de suas perdas ou das perdas que a guerra trouxe não somente para o Delfíno, mas para todos outros deuses." ponderou mais um pouco. "Mas vejo que ainda tens fé Nele, senhor Sotiris, caso contrário não estaria aqui, dialogando comigo, após ter roubado algo tão precioso para todos nós, devotos..."

"Se houvesse perdido completamente sua fé, o senhor estaria em qualquer outro lugar, reconstruindo sua vida e ignorando a existência d’O Luminoso ou de qualquer outro deus, como faz a maior parte da humanidade. Mas ao invés disso vem até aqui para provocar-nos e gasta seu tempo e energias com isso. De fato curioso..."

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Citação retirada do livro O Princípe de Nicolau Maquiavel.

"Não."

A voz é carregada de rancor.

De tristeza, tornada ódio.

"Foi nessa tolice de deuses e santuários que perdi tudo. Minha vida, meu sentido, meus desejos... tudo. E vocês irão pagar por ter me tirado tudo o que eu amava. Seu deus ignóbil irá sentir por ter falhado em proteger seus fiéis, aqueles que mais o amavam! Vocês irão compreender apenas sentindo em sua própria carne a dor da perda!"

Farfalhar; alguém corre para longe entre as árvores. Sotiris está fugindo!